sexta-feira, 16 de abril de 2021

Ressonetos em honra ao julgamento que se ensaia (em Haia)


RESSONETO DE FELICIDADE

(Sob os bons auspícios de Vinicius)

De tudo, quero o coiso de detento
Antes; e com tal pressa o quero, e tanto
Que mesmo quando brinco, durmo ou janto
Dele se ocupa mais meu pensamento.

Quero viver pra ver o julgamento
Que lhe há de pôr no rosto o desencanto
E rir meu riso e festejar o quanto
Parecerá distante este tormento.

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe o aluno que hoje ainda não vive,
Quem sabe o primo que hoje ainda mama,

Eu possa lhe dizer por onde estive:
Celebrando afinal, de Brahma em Brahma,
A ruína de um mito aos pés do júri.

***
AS SOMBRAS

(Com as bênçãos de quem? quem? quem? – Raimundo Correia!)

Vai-se a primeira sombra exorcizada...
Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas
de sombras voltam aos umbrais, apenas
soa, no julgamento, a martelada...

E às ruas, nossa gente aliviada
(se vírus não houver, nem quarentenas),
exuberando de alegrias plenas,
volta toda em festança e em batucada...

Meu bem, as leis do tempo não perdoam;
os monstros, uns aos outros, se atraiçoam,
como é próprio das hordas infernais;

À luz das consequências, se revoltam...
Tolos! São nossas vozes que hoje soltam
As ordens que vocês não soltam mais!

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