sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

Capítulo de perguntativas


São dois versos de Guimarães Rosa – ou de seu "poeta anagramático" Sá Araújo Ségrim – em Ave, palavra: "O som de um violino conseguiria dissolver/ um copo de ouro?". A resposta para essa questão pulsante não sei, mas me trouxe outras mais perguntas irmãs, quais sejam:

Vaga-lume existe é para útil iluminação de aniversário de fada?

Já se viu olho assim com tom igualzinho, sem tirar nem pôr – de flor?

Nossas querências têm sístole e diástole? vivem? latejam?

Clepsidras são colocáveis nalguma lista de casamento? deliveráveis em domicílio de tijolo?

Girassóis são amor desnudado de dúvida?

Adejar em torno de dúvida forma redemoinho?

Mais vale uma libélula na mão que dois boeings voando?

Tem como fazer homeopatia de mar – cheiro de onda sarando enjoo?

O dourado da prímula persiste no mesmo ruivo em situação de madrugada?

Os doze mil olhos da borboleta enxergam maior ou menor escala pantônica que gente amando? 

Miçanga é semente de bordado ou está mais para natureza de ovo?

Música tem preferência de passarinho?

Meme nasceu do xodó da notícia com a foto da primeira página?

Polvo e aranha podem botar perna bissexta?

Bocejar é gritar vento?

Tristeza soluça pra ir desengolindo agonia?

Depois de passar por metáfora, o fato ainda uma vez redunda de volta em si próprio?

Hemistíquio casa com epitalâmio?

Menestrel fica parente de rouxinol?

Bolha quando morre vai para o arco-íris?

Em qual cadência estrela vibra para desenhar no sonho?

Quanto uma estrofe dura: mais para uma chuva ou três trizes?

Etcétera. Alguém sendo um bom desmafagafizador de dilemas, guarde bonitinhas as soluções que eu já, já vou aí não buscar; ainda tenho montão de coisa na lista para infazer.

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