sexta-feira, 25 de dezembro de 2020

Eu lhes desejo


Abraço de deitar no peito, micro-ondas que aqueça no meio, despertador que não grite cedo, fotos amadas de corpo inteiro; lençóis autodobráveis de elástico; nenhum serzinho d'água sepultado em plástico; zeríssimo trauma de música do Fantástico. Mais Baby Yodas, menos golas, mais memórias, menos emboras, mais agoras – e certamente mais após (cá entre nós).

Contas e rabanadas recheadas, dívidas pagas, paisagens largas, ceia farta, livro da Martha. Perspectivas. Alternativas. Respeito aos fatos e mãos nenhumas fazendo o Pilatos. Gratidões de criança, dança, dança (por enquanto na sala ou na varanda), pinturas de lavanda, guirlanda, gente bacana. Fim de semana. A cura da terra plana. 

Basílica de Aparecida, documentário do Emicida, estrada matusalênica de vida, ideia que calha precisa, delícias da Pixar, grana no Pix, joias da Netflix. Rock, Loki, Pedro Bloch, Roupa Nova, roupa folgadinha, Boulos de Celtinha, pacote de figurinha, live da Teresa Cristina, vacina, piscina, purpurina, serotonina, ocitocina, medicina. Família que raciocina.

(E nenhuma na esquina. Nenhuma com fome. Nenhuma sem nome.)

Extinção de racistas, fascistas, elitistas, negacionistas, armamentistas, absolutistas. Mais abelha, menos gafanhoto. Mais Calcanhoto. Mais cabelo solto. Mais pés descalços por escolha, mais salubridade fora da bolha, mais folha, mais flor, mais amor – menos calor, por favor. Frescor na fala, na sala, leveza na mala, rodado na saia, jogo sem vaia. Pitaya. Goiaba. Durante-férias que não acaba. Brisa que não para. Rima rara. Turminha do mal quebrando a cara (to-ma-ra). 

Buganvília, receita de família, horas de livraria, ducha quente em noite fria, ducha fria em tarde quente, presente, nenhum ausente. Amor recente. Amor antigo. "Xá comigo", figo em calda, artigo de uma lauda, lua alta, amanhã sem falta. Som de flauta – transversa – que atravessa o peito e a pauta. Sol para o dia, e vice-versa. Fim do assédio, saudade com remédio, síndico mara no prédio, balão de hélio, tênis velho, chinelo, 7Belo, caramelo, AmarElo. História com castelo. Ensinar sem enxugar gelo. Flor no cabelo. Doce de marmelo. 

Um planeta mais ameno, menos tenso, mais manso. Mais descanso. Convívio sem ranço. Menos chamadas, mais piadas, mais alívio. Cartas trocadas, gorjetas dobradas, almoços sem tretas, Romeus, Julietas (sem morte), dias e vidas de sorte, mais vozes pretas, mais nenhum adeus. Festivais, manacás, Cascais, vocais, Theatros Municipais, encerramentos do caos, lições para os Lobos Maus, luaus, Bacurau. Aurora boreal. 50% cacau.

E um feliz Natal.

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