terça-feira, 15 de dezembro de 2020

Troféu Baby Yoda


Nunca vi nada do Mandalorian, nem preciso: já sei que a criaturinha toda trabalhada na perfeição a que chamamos "Baby Yoda" é uma das manifestações mais cabais da Fofura de todos os tempos – encarnação verdinha e olhuda de inocência, doçurice e pseudofragilidade, com toques de micronarizito, boquinha pronta a devorar um snack coaxante e mãozinhas se-preparantes para o uso da Força. Eu (em minhas propensões incontroláveis de Felícia), se encontro o bichinho, não seria impedida de estraçalhá-lo de amor furibundo nem por um exército de clones jedi. Amasso, achato, massacro, trucido e não tem sabre de luz que evite a carnifoficina. 

É sempre espiritualmente refrescante lembrar que há vários outros personagens numa galáxia não muito, muito distante do Yodinha em escala tchucsss, com semelhante potencial de (me) acordarem os instintos mais hannibalescos e iluminarem a vida – ainda mais nestes tempos avessos, estranhos, em que convém boiar terapeuticamente sobre tipos bem diferentes de insanidade. Minha provável favorita, ao lado do jedizinho miniatura, é a Tristeza de Divertida mente, desenhada por gênios que lhe amenizaram o sentido dando-lhe a representação mais adorável: cabelinho chanel, oclões, fartas bochechas, gorduchice, pezinhos microscópicos metidos em chinelos minúsculos (pelos quais, para cúmulo de adorabilidade, era arrastada para lá e para cá numa prostração quase cômica). Ponto para a delicadíssima sensibilidade da Pixar, que, aliás, costuma ser a Mãe de Todas as Fofuras, Primeira do Seu Nome, com talvez o maior portfólio de seres irresistíveis da história da humanidade; só por alto já me ocorrem a pequenina Boo de Monstros S.A., os pássaros hilários e balofos do curta For the birds, a também balofíssima lagarta Chucrute de Vida de inseto, os etezinhos verdes triolhudos da saga Toy story, o escoteiro japinha Russell de Up – altas aventuras, o bebê Zezé de Os Incríveis, a baby protagonista de Procurando Dory, os irmãos trigêmeos de Merida em Valente, o robozinho-título e os gordinhos "preguiçosos" de WALL-E, a Mamá Ines (ou Coco) de Viva – a vida é uma festa, o minichef Remy de Ratatouille. Ou seja, praticamente não tenho condições de assistir a quaisquer pixarices sem inutilizar o braço do espectador vizinho.

A mana Disney, embora não com tão tremenda eficiência, é outra clássica produtora de entidades geradoras de fofúria: o ratinho Tatá, em Cinderela; Bisonho (SEMPRE chamarei de Bisonho), o burrico depressivo que é amigo do Ursinho Pooh; Morph, espécie de slime espacial cor-de-rosa que rouba cena e corações em Planeta do tesouro; o hiperativo hamster Rhino, de Bolt; os trolls redonduchos que adotam Kristoff em Frozen; a versão nenê da personagem-título e seu porquinho Pua, em Moana. Fora, claro, as queridices que estão além dos domínios de Mr. Mouse, como os mínions burrildos e a encantadora Agnes – ela própria suscetível a fofúrias constantes, sobretudo por motivos de unicórnio – em Meu malvado favorito, o mogwai Gizmo em Gremlins, o gatinho (ou gatinha?) Pusheen, a apaixonadíssima Pucca, o pokémon de carreira musical frustrada Jigglypuff – sempre embochechado de revolta ao constatar que sua plateia dormiu mais uma vez. Tem mais, tem às toneladas, mas para economia de insulina vou me detendo por aqui no inventário de ternurices, com a precaução de declarar que o Baby Yoda Prize goes to todas e cada uma dessas coisinhas macias: não queremos nenhuns olhões de Gato de Botas derramados e pidões sobre nossa estabilidade emocional.

Que o equilíbrio e a sabedoria estejam conosco em todo novo esbarrão com tais ícones da amassabilidade, embaixadores da fofitude. Porque, se a Força estiver, eu mato.

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