domingo, 3 de janeiro de 2021

Vinte e tanto


Diz um post simpático da galera do Quebrando o Tabu, que vem sendo compartilhado agora na viradinha d'ano: "Vamos falar de coisas boas? Não é romantizar 2020 (foi terrível mesmo), mas mesmo com tanto problema sempre acontecem coisas legais. Conta uma coisa legal que aconteceu em 2020. Pode ser na sua vida, ou com alguém que você conhece, ou no mundo. Vamos ficar de coração quentinho".

É pra já, Quebrando, não me faço rogada. Primeirinhamente, estar em casa quase em tempo integral com o Fábio, sem horários de chegadas e partidas trabalhas cravados no cangote, foi dos acontecimentos melhores de todos os anos e decadalorum (sim, me sinto culpada por receber saltitante uma rotina que chateia e mesmo adoece a tantos – em especial uma rotina que veio por motivo mais ainda adoecedor –, porém é também necessária a aceitação de que eu não controlo o vírus nem preciso me obrigar ao martírio para que ele seja controlado, já que o manual antitransmissão coincide, à minha revelia, com meus maiores interesses. Não é útil a ninguém que eu sofra, é útil que eu não seja causa de ninguém sofrer). Segundamente, o mesmo neocotidiano com o mínimo de ausências de casa e de mim me permitiu voltar aqui ao bloguito, embora não seja boa notícia para os cinco leitores diariamente amofinados. Aproveito para agradecer de inteira alma pela paciência, persistência, condescendência, e prometo acertar os cachês quando o ano ora bebezinho tiver a hombridade de trazer a Mega acumulada. Fica o toque, Vinte e Um. 

O cinema parou, claro – não importa o quanto escancarem as portas, para mim vai estar paradíssimo até pelo menos duas semanas após a última dose da vacina me adentrar o sangue –, mas antes de parar deu tempo de ver preciosidades como Você não estava aqui, blasterobrigatório em nossos dias de uberização doida. Já quarentenados, enfim tomamos vergonha e assistimos tanto a O iluminado quanto ao sequel Doutor Sono. Revimos Coringa. Deitamos o coração em almofadas fofinhas com Um lindo dia na vizinhança. Namoramos por uma semana O extraordinário gambito da rainha. Ainda na série "toma vergonha, cabra!", engordamos nosso capital de clássicos com a leitura de Crime e castigo. Voltamos um bocadito ao prazer vaporoso das novelas com Totalmente demais. Acompanhamos ineditamente a estimulante Sessão de terapia. Tivemos a companhia luminosa dos meninos do Papo de segunda (melhor: SEM horinha marcada para acordar na terça) e do querido e antenadíssimo Duvivier no Greg news das sextas-feiras. Fizemos reuniões de trabalho mais raras, mais ligeiras, mais objetivas, que ninguém vai ficar de enrolation ou conversa paralela nas janelices do Google. Viramos neoíntimos de bancos, hortifrútis e mercados online. Descobrimos novos e bons fornecedores de comidinhas congeladas. Para não dizer que permanecemos excessivamente fora da onda fazedora de pão e demais culinarices, sacamos nosso (até então inusado) mixer e desandamos a cometer "sorvetes" com base de banana – tem um, neste exato agorinha, ganhando sustança no freezer.

Em todos os sentidos, Vinte Vinte foi temporada bissexta, e nem por isso avessa, já que cheia das manoelinas grandezas do ínfimo. Que os próximos episódios venham mais oscarizáveis de roteiro, anyway; para os mais recentes, em termos de argumento, não houve página que chegasse, mas no que toca a cenário e figurino é bem duvidoso ter existido ano mais canastrão.

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